BIOLOGIA DAS PRAGAS

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Ácaros


(Imagem 9/8)

Ácaro

























Como ler uma caixa taxonómicaÁcaro
Uma eletromicrografia de um ácaro (Aceria anthocoptes). A barra branca tem 30 µm.

Uma eletromicrografia de um ácaro (Aceria anthocoptes). A barra branca tem 30 µm.

































Domínio: Eukariota
Reino: Animal
Sub-reino: Metazoa
Filo: Arthropoda
Subfilo: Chelicerata
Classe: Arachnida
Subclasse: Acarina

Ordens

Actinedida
Oribatida
Acaridida
Opilioacarida
Ixodida ( Carrapatos )
Gamasida
Holothyrida



Ácaro é a designação comum a algumas espécies ( excluindo os carrapatos que compõem a ordem Ixodida ) de artrópodes da subclasse Acarina(=Acari), pertencentes à classe dos aracnídeos, subclasse à qual pertencem mais de 30.000 espécies conhecidas, apesar de possivelmente existirem muitas outras não classificadas. Os ácaros do pó doméstico são visíveis apenas ao microscópico e medem entre 200 e 500 micrômetros. Contudo, além dos ácaros terrestres, há ainda os aquáticos, inclusive marinhos. São em sua maioria predadores, mas há os fitófagos, detritífagos e os parasitas. Na subclasse Acarina estão ainda os carrapatos ou carraças. Entre os ácaros parasitas do homem, existem os que atingem os folículos pilosos e glândulas sebáceas, como Demodex folliculorum, que provoca a formação de cravos, e parasitas cutâneos, como Sarcoptes scabiei, o causador da sarna humana. Este forma túneis na epiderme e libera secreções que provocam forte irritação. A deposição contínua de ovos nos túneis garante a perpetuação da infestação. O contato com áreas infestadas da pele pode transmitir o ácaro para outro hospedeiro.










 





 Habitat e reprodução


Nas habitações os ácaros alimentam-se de escamas de pele humana e de animais. Por dia, o homem perde 1g destes pedaços de pele. Os ácaros abundam nos colchões, mantas de , almofadas de penas, tapetes, alcatifas, sofás e bonecos de pelúcia, desenvolvendo-se em condições ótimas de umidade superior à média de 70% a 80% e de temperatura superior a 20 °C. Em altitudes superiores a 1200 metros, os ácaros deixam de ter boas condições de vida. Por este motivo, a estadia em regiões montanhosas pode conduzir ao alívio de certas alergias. Vivem 2 a 3 meses, durante os quais acasalam 1 a 2 vezes, dando origem a uma postura de 20 ovos a 50 ovos. O período mais propício para o acasalamento é a Primavera e o Outono.


 Alergologia


Os excrementos dos ácaros e os ácaros mortos dispersam-se em poeira fina, sendo inalados e podendo provocar alergias.


Os alergénios dos ácaros são bem conhecidos. Os antigénios major são Der p1 (D. pteronyssinus), Der f1 (D. farinae) e Eur m1 (Euroglyphus maynei).


Para que se dê a sensibilização aos ácaros é necessária uma taxa de antigénio Der p1 superior ou igual a 2 micra por grama de pó doméstico. Calcula-se que a prevalência da sensibilização aos ácaros na população geral seja de cerca de 10 a 20%. São os responsáveis pela maioria dos casos de rinite e asma alérgica perene, tendo também um papel importante na dermite atópica. Têm sido descritos alguns casos raros de anafilaxia após ingestão de alimentos contaminados por grandes quantidades de D. farinae (farinha, pizzas, peixe e legumes, entre outros).


 Prevenção


As medidas preventivas de evicção para os ácaros domésticos reduzem os sintomas clínicos e são o primeiro passo no tratamento de doentes alérgicos aos ácaros. Destas medidas fazem parte:



  • arejamento diário dos quartos;

  • exposição ao ar e ao sol dos colchões, edredons e almofadas;

  • lavagem frequente a 60 °C dos colchões, edredons e almofadas;

  • aspiração regular e frequente dos colchões e tapetes com aspiradores munidos de filtros HEPA;

  • tratamento de colchões e tapetes com acaricidas;

  • utilização de coberturas antiácaros nos colchões, edredons e almofadas;

  • evicção de animais domésticos;

  • remoção de alcatifas (carpetes);

  • lavagem semanal dos bonecos de pelúcia;

  • manutenção de uma atmosfera seca no interior das habitações (umidade relativa a 50 a 60 % e temperatura entre 18 e 20 °C);

  • controle das medidas de evicção com o Acarext test (R), o qual estima o número de ácaros existentes.


Não está demonstrada a eficácia dos ionizadores e purificadores de ar, nem da ventilação mecânica.


A imunoterapia específica com vacinas está indicada nos doentes sensibilizados quando os sintomas clínicos não são controlados com a evicção e com o tratamento farmacológico dos sintomas.